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Vozes Ciganas na Universidade (Parte I), Emanuel Pratas

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Vozes Ciganas na Universidade (Parte I), Entrevistas
Emanuel Pratas, 23 anos, 2.º ano do Curso de Animação Socioeducativa, Escola Superior de Educação de Coimbra
Entrevista realizada no dia 23 de março de 2018, em Coimbra
Observatório das Comunidades Ciganas (ObCig): Pode contar-nos brevemente o seu percurso escolar até entrar na Universidade?
Emanuel Pratas (EP): O meu percurso escolar até entrar na Universidade foi normal comparativamente às pessoas da sociedade maioritária, frequentei o ensino regular por todo o meu percurso e fiz o meu secundário em línguas e humanidades, no liceu Joaquim de Carvalho na Figueira da Foz.   
ObCig: Nesta nova experiência, de frequência do Ensino Superior, o que gostaria de realçar na sua relação com os colegas?
EP: A minha relação com os colegas é uma relação normal como as que eu tinha tido anteriormente no ensino secundário e no terceiro ciclo e tudo mais. Pensei que fosse ser uma adaptação mais difícil, mas o facto de eu já ter aquela bagagem e aquele ritmo facilitou um pouco a minha integração no ensino superior.   
Obcig: E com os professores?
EP: A minha relação com os professores tem sido até hoje o melhor possível, não estava à espera de uma relação melhor. Até posso mencionar nomes, tenho grandes amigos como professores, o diretor do curso António Leal e o professor Nuno Carvalho. São grandes pessoas, estão prontas a ajudar-me e a apoiar-me e foi graças a eles que eu ainda estou hoje a estudar.    
ObCig: E em relação ao ambiente universitário?
EP: Em relação ao ambiente universitário, é verdade que eu ainda não fui para as queimas, nem para as latadas, nem para a praxe, mas do pouco que eu vou vivendo tenho gostado muito desta experiência na minha vida e gostaria de prolongar e fazer um mestrado também.  
ObCig: E em relação ao conhecimento científico?
EP: Eu acho que o maior choque relativamente à questão do conhecimento científico que eu tive, e acho que todos os alunos também têm, são as normas que se devem preencher na elaboração de um trabalho de pesquisa, fazer as referências, fazer a pesquisa. Acho que isso foi o mais difícil para mim. Mas depois de eu aprender a fazer isso dá um certo gozo, procurar a matéria e depois inserir lá as normas da APA e citar. Ver o trabalho a ganhar forma, chegamos ao fim e vemos que citámos uma série de autores. Acho que isso dá muita personalidade ao trabalho.
ObCig: Em que medida considera que o facto de estar a tirar um curso superior está a mudar a sua vida e a forma como perspetiva o mundo?
EP: Acho que o facto de estar a frequentar o ensino superior, em primeiro lugar abre-me horizontes porque conheço outras pessoas, outras mentalidades, e as outras pessoas também estão a atravessar as mudanças que eu também estou a mudar e estou a enfrentar. E também vejo o mundo de forma diferente porque sinto que o mundo fica um bocadinho mais pequeno, porque a licenciatura e o mestrado abrem-nos portas seja na Europa ou noutros continentes e nessa questão acho que o ensino superior é uma porta para o mundo.  
ObCig: Quais são as suas expectativas quanto ao futuro?
EP: Eu gosto de levar as minhas expectativas e objetivos passo a passo. Eu quando me licenciar quero trabalhar e fazer um mestrado. E depois… fazer as coisas… é com cada objetivo vão aparecendo novas oportunidades consoante cada objetivo, se os cumprirmos ou não. Mas o meu grande objetivo e também é um sonho é ser euro deputado. Portanto, vamos ver se eu chego lá.
ObCig: O que gostaria de dizer aos outros e às outras jovens ciganas para os ajudar na construção de um caminho escolar de sucesso?
EP: O que eu posso dizer aos outros ciganos e às outras ciganas é que… o ensino e a educação são a maior ferramenta de mobilidade social. E se quisermos levar uma vida com um mínimo de conforto, temos também de levar os estudos também ao máximo das nossas capacidades. Eu noto isso também na minha vida, quanto mais eu estudo parece que a minha vida e a dos meus familiares tem mudado para melhor quanto mais progredimos nos estudos. Isso é muito bom.
ObCig: Que mensagem gostaria de transmitir à sociedade?
EP: A mensagem que eu gostaria de transmitir à sociedade em geral é que aprendam a viver na sociedade multicultural que nos ensinam nas escolas e que vivendo numa sociedade multicultural parte-se do princípio que existem diversas culturas e nessas diversas culturas está a cultura cigana e essa deve ser respeitada e deve haver um mínimo de convivência. E é nessa convivência que nós temos de construir uma sociedade ainda melhor. Gosto de me ver como resultado de como pode ser essa sociedade.

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