Vozes Ciganas na Mediação Intercultural (Parte I), Entrevistas

BRUNO OLIVEIRA
Entrevista realizada em novembro de 2018, Lisboa
Entrevista realizada em novembro de 2018, Lisboa
Observatório das Comunidades Ciganas (ObCig): Como surgiu a oportunidade de ser mediador/a intercultural?
Bruno Oliveira (BO): A oportunidade de ser mediador intercultural surgiu-me através de um curso que fiz na Pastoral dos Ciganos em Lisboa, teve a duração de dois anos.
ObCig: O que significa para si ser mediador/a intercultural?
BO: Ser mediador intercultural para mim significa ser uma mais-valia tanto para a sociedade maioritária como para a comunidade cigana, nomeadamente para a comunidade cigana de Lisboa.
ObCig: Na sua perspectiva, qual é o papel do/a mediador/a na sociedade?
BO: O papel do mediador na sociedade é um elo de ligação, promotor da interculturalidade e promotor de igualdade e justiça social.
ObCig: Como acha que as pessoas olham para o/a mediador/a?
BO: Eu acho que as pessoas olham para o mediador, quando o conhecem, quando conhecem realmente o papel do mediador, olham como uma mais-valia, como uma pessoa de confiança. Quem não conhece, eu acho que estamos um bocadinho subvalorizados.
ObCig: Lembra-se de alguma situação em particular que o/a tenha levado a reflectir mais sobre o papel de mediador/a?
BO: Houve várias situações que me levaram a pensar mais sobre o papel de mediador intercultural, especificamente quando faleceu uma criança e o pai agarrou-se a mim a chorar e eu senti que era necessário ter mais formação sobre a interculturalidade e a mediação para dar mais alguma coisa à comunidade cigana.
ObCig: Se pudesse, o que mudaria no papel do/a mediador/a?
BO: Se eu pudesse mudar alguma coisa no papel do mediador era a carreira, porque nós não temos uma carreira de mediador, acho que faz muita falta haver uma carreira de mediador e também uma maior valorização por parte das instituições.
ObCig: O que acha que é importante mudar na sociedade para que esta se transforme numa sociedade intercultural?
BO: O que se tem de mudar nesta sociedade para que esta sociedade se transforme numa sociedade intercultural, primeiro tem que haver uma aposta nos mediadores interculturais para haver uma sensibilização para o diálogo intercultural, só assim é que conseguimos construir um caminho para uma sociedade intercultural.
ObCig: Tendo em atenção a sua história de vida e experiência de mediação, que mensagem gostaria de transmitir à sociedade?
BO: Enquanto mediador, enquanto pessoa a mensagem que eu quero transmitir é uma frase que o Martin Luther King uma vez disse que foi: o que o assustava não era o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.
ObCig: Quer acrescentar mais alguma coisa a esta entrevista?
BO: Quero deixar um abraço fraternal a todos os ciganos e ciganas de Portugal.